segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Diário de Design de Cosa Nostra #1

E o trabalho na versão final do Cosa Nostra já começou a passos largos! A partir desta semana tentarei manter um diário de design para a versão final, publicando fragmentos das novas regras aqui para obter feedback e ao mesmo tempo implementar o jogo de quem já obteve a versão de playtest. No diário de hoje mostro a versão preliminar das novas regras de delegação de poder narrativo. E aí, o que acharam, soldados?

Compartilhando a narrativa

Quando um jogador obtém o controle narrativo de uma cena ele é denominado, em Cosa Nostra, como o Don. O Don tem controle total sobre a sua cena e não precisa dividir este poder com mais ninguém. A menos que deseje. Um Don pode delegar funções para os outros jogadores na narrativa de sua cena. As funções que um Don pode delegar são organizadas de forma a emular a estrutura de poder de uma Família, aumentando assim a imersão para os jogadores, ao mesmo tempo em que mantém o ritmo de jogo inalterado.

Consiglieri: ao delegar a função de consiglieri o Don dá ao jogador o poder de aconselhá-lo em todas as suas decisões, mas não de efetivamente decidir ou narrar qualquer coisa. Por um lado é a função com mais liberdade criativa e por outro a mais limitada. Apenas uma posição de consiglieri pode ser delegada numa mesma cena.

Exemplo: Rangel fez de Adão seu consiglieri nesta cena e decide narrar uma cena de negociação de uísque que acaba mal. Adão o aconselha a fazer isto fora da cidade, num descampado, para evitar os olhos curiosos e vítimas inocentes, além de dizer que seria interessante que um dos criminosos oponentes consiga sobreviver e escapar, para ser silenciado numa próxima cena. Rangel decide fazer a cena no porto enquanto o uísque é descarregado, mas concorda com a sugestão de deixar um dos criminosos sobreviver. O tiroteio ocorre e o sobrevivente pula na água e fica por lá até todos acreditarem que ele havia morrido e irem embora.

Sotto Capo: um jogador com esta função tem toda a liberdade para narrar uma cena completa, mas deve fazer isto seguindo quaisquer orientações gerais do seu Don como qual será a composição do cenário, que personagens estarão envolvidos, como a cena irá começar ou terminar, detalhes que devem acontecer, etc. Não existe um padrão para quão detalhadas serão as orientações do Don, podendo ser tão simples e geral como “um tiroteio na noite” ou tão detalhado como “Na festa do santo protetor do bairro deve acontecer o assassinato dos três chefes do crime, já que os homens estarão bêbados e descuidados por causa da festividade, tudo deve acontecer como o plano, exceto por um tiro de sorte que vai ferir mortalmente um dos irmãos do Don”. Além disso, um Sotto Capo também pode nomear capos (estes com a autorização do Don) e soldados para ajudá-lo com uma cena. Apenas uma posição de Sotto Capo pode ser delegada numa mesma cena.

Capo: esta posição funciona de forma similar a um Sotto Capo, mas mais limitada. Em vez de uma cena completa, o capo pode narrar, dentro das orientações do Don ou Sotto Capo, parte de uma cena, como “o tiroteio em que é ferido o irmão do Don” ou “a morte de um dos chefes do crime” da cena anterior. Capos tem a liberdade de delegar funções de soldados com a autorização de seu Sotto Capo.

Exemplo: Na sua vez de narrar Jairo sente que não estão lhe faltando ideias, mas sim as palavras para narrar bem a sua cena. Ele decide fazer de Felipe o seu Sotto Capo e lhe dá as instruções gerais, ao que Felipe pede então para nomear Adão como seu capo e narrar parte da cena, ao mesmo tempo em que nomeia os outros jogadores na mesa como soldados para lhe ajudar com os diálogos. Jairo não gosta das ideias de Adão, então nega a Felipe a autorização para fazer dele um capo. Felipe coloca Adão de soldado para lhe ajudar na cena especifica com os diálogos, enquanto tenta narrar toda a cena da melhor maneira possível dentro das orientações de Jairo.

Soldado: esta posição é aquela com a menor liberdade criativa, ainda que seja possível fazer bastante com certa criatividade. Um soldado deve ajudar com o diálogo de uma cena, fazendo papel de um personagem especifico dentro de um conjunto de diretrizes fornecidas pelo Don, Sotto Capo ou capo que delegou a ele esta função.

Exemplo: Felipe delega a Adão o papel do irmão do Don baleado durante o tiroteio, o qual ele irá interpretar durante a cena de despedida entre os dois. Ele aponta para Adão que ele deverá evitar falar qualquer palavrão, pois o personagem é religioso e nunca fez isto na vida, e também deve ser preocupar com a sua família. Fora isto Adão tem liberdade para escolher como seu personagem irá se comporta no diálogo, decidindo então que o irmão irá dizer ao irmão no leito de morte que tem um bastardo e implora para que ele cuide do sobrinho no seu lugar.


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