domingo, 4 de março de 2012

O que é sucesso? E fracasso?

Hoje um amigo me chamou a atenção para uma matéria da RPG Vale sobre jogos de RPG que não deram certo no país. A matéria em si tem alguns enganos e opiniões que não valem exatamente a pena comentar, como a escolha dos jogos citados como fracassos (e a omissão de outros que mereceriam estar na lista), mas o que realmente me chamou a atenção foi algo nos comentários do que a matéria em si.

Brothers só vale ressaltar que o fato do Invasão (ou qualquer outro) ter esgotado não é indicador de sucesso. É possível um rpg menor não vender tanto e ser um sucesso nas discussões em eventos e sites, o Invasão morreu efetivamente como rpg e como marca!

Certo. Tem bastante coisa errada nestas duas frases simples. Como considerar Invasão uma marca fracassada quando ela teve HQs, romance e RPGs publicados ao longo de mais de uma década e qualquer menção a ela faz a nerdaiada manifestar-se sobre desejos de uma nova edição. Mas o mais importante é sobre o que é sucesso e fracasso.

Existem diferentes níveis de sucesso e diferentes níveis de fracasso. Um livro que esgote sua tiragem é um livro que foi um sucesso dentro dos planos da sua editora. No entanto, se este mesmo livro teve uma tiragem de cem exemplares em um mercado onde usualmente um livro de sucesso vende uma tiragem de mil exemplares no mesmo período, então ele não é um sucesso de mercado, embora não seja exatamente um fracasso também porque atendeu as expectativas da editora. Entenderam onde quero chegar?

Agora sobre fracassos. Fracasso é fracasso, mas você pode ter sucesso em fracassar. Confuso? Alguns livros e produtos são fracassos tão retumbantes que se tornam material cult, mais ou menos como aquela história da vez em que o Derp quase casou com uma prostituta banguela ao ficar podre de bêbado no seu aniversário de dezoito anos, são algo que você relembra com amigos e ri, mas nem por isto deixam de ser um enorme fiasco. Seres do Inferno, Angus RPG e a tradução da edição brasileira de Ars Mágica, nos anos 90, são bons exemplos de tais tipos de fracassos.

Existem também fracassos relativos. Nos anos 90 a Abril fez uma tiragem de dezenas de milhares dos livros de cada livro básico de AD&D, cerca de 50 mil, se minha memória não falha agora, o que soma 150 mil exemplares dos três livros básicos do jogo. Os livros venderam na casa dos milhares, é claro, mas o caso é que não na casa das dezenas, talvez até centenas, de milhares que a Abril esperava. Agora pense: AD&D foi um fracasso? Do ponto de vista da editora, sim, o livro não vendeu como o esperado. Mas do ponto de vista do mercado de RPG onde um livro que venda mil exemplares já é um sucesso, as milhares e milhares de cópias vendidas de AD&D foram um sucesso retumbante, mesmo com o enorme prejuízo que a editora levou.

E por fim existe o fracasso puro. É o tipo de livro que não vende o que se espera, não vira cult e nem é um fracasso relativo. São apenas medíocres. Réia e Equinox são exemplos disto. Por todos os deuses, nem mesmo as piadinhas sobre Réia são engraçadas, e Equinox nem mesmo TEM piadas sobre ele.

Mas voltando ao comentário do rapaz lá em cima e já com tudo explicado até aqui vou colocar minhas conclusões. Primeiro, tiragem esgotada é indicador de sucesso. Ponto. Dá para discutir o sucesso relativo a algum padrão, do mercado, da editora ou do autor, por exemplo, mas não seu sucesso em si. Segundo, ser muito discutido não é indicador de sucesso. Seres do Inferno é um fracasso. Ponto. Dá para discutir o fracasso relativo dele em ter se tornado cult como o pior RPG brasileiro já publicado, por exemplo, mas ele continua sendo um fracasso.

Um comentário:

  1. Gente falando merda na blogosfera sempre tem, infelizmente XD

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